A Teoria da Relatividade: Como Einstein interpretava a geometria de Euclides?

Em português

Eduardo Prachedes
5 min readOct 12, 2023

Todos sabem que uma das maiores teorias propostas por Albert Einstein foi a Teoria da Relatividade. Certamente você já ouviu falar dela, seja pela famosa fórmula E= MC² ou até mesmo pela ideia de Espaço-Tempo.

O que a maioria das pessoas não sabe é que a teoria da relatividade se baseia, em grande parte, na Geometria — um ramo da matemática dedicado ao estudo das propriedades, relações e medidas de formas, tamanhos, figuras e espaços. Certamente você a estudou na escola, mas o que talvez você não saiba é que a geometria clássica, ensinada nas aulas, é chamada de Geometria Euclidiana, proposta por volta de 300 a.C.

Dado isso, você pode estar se questionando: “Mas o que o que aprendi na escola tem a ver com a Teoria da Relatividade?” Eu respondo de forma simples, caro leitor: nada.

O que realmente é a Geometria de Euclides?

Nesse ponto, você provavelmente está com mais dúvidas do que certezas. Isso é normal; você provavelmente não esperava que essa proposição fosse contrariada. Primeiramente, afirma-se que a Teoria de Einstein é em grande parte baseada na Geometria, e logo em seguida, é dito que a Geometria que você conhece há anos não está relacionada a essa ideia.

Para esclarecer as dúvidas do meu caro leitor, gostaria de começar explicando o que uma pessoa que nunca teve contato com as ideias do físico alemão entende por Geometria Euclidiana.

Euclides

Como é comumente tratada?

Imagine que você está planejando a reforma da sua casa e, de repente, está medindo uma parede para colocar o seu belo papel de parede. Você mede de um ponto a outro para saber o comprimento do rolo, mede outros dois pontos para saber a altura da parede e, por fim, relaciona essas medidas para descobrir a quantidade total de tecido que vai precisar.

O que você acabou de usar em uma situação simples e cotidiana foi a Geometria Euclidiana. Você relacionou pontos, descobriu suas distâncias e fez medidas entre eles. Isso já está internalizado em todas as pessoas; todos têm o hábito de pensar em distância como sendo a distância entre dois pontos em um certo objeto, e isso é tão repetido que se torna uma “verdade”, embora não o seja.

Essa geometria não é verdadeira?

Os postulados de Euclides são tratados como verdades quase incontestáveis porque partem de proposições simples. Dessa forma, todas as ideias posteriores acabam tendo sua validade baseada nesses axiomas, e a etiqueta de “verdadeiro” acaba sendo comum na geometria.

Tendo isso em mente, quando nos aprofundamos nessa perspectiva, percebemos que não é possível nem sequer responder o motivo pelo qual as proposições euclidianas são verdadeiras.

“Não podemos perguntar se é verdade que entre dois pontos só passa uma reta. Podemos apenas afirmar que a geometria euclidiana trata de objetos chamados ‘retas’, que possuem a propriedade de ser univocamente determinados por quaisquer dois de seus pontos.”

Portanto, é possível afirmar que a geometria em si não pode ser uma “verdade” simplesmente porque não é real.

Geometria e a Física

“Suponhamos que, seguindo nosso modo habitual de pensar, acrescentemos às proposições da geometria euclidiana uma única outra: a dois pontos específicos em um corpo praticamente rígido sempre corresponde a mesma distância (um segmento de reta), não importa o quanto ele mude de posição. Nesse caso, as proposições da geometria euclidiana geram proposições sobre as posições relativas possíveis entre corpos praticamente rígidos.”

A citação de Einstein sugere a necessidade de abandonar a ideia de um espaço absoluto, onde a geometria é invariável, e abraçar a ideia de que a geometria e a física devem ser consistentes para todos os observadores. Este trecho de sua obra serve como uma preparação do terreno para apresentar suas ideias sobre a Geometria na Teoria da Relatividade.

Einstein propõe que, a partir do momento em que a invariância da distância entre dois pontos em um corpo não se encaixa mais na geometria euclidiana, é necessário ver a geometria como um ramo da Física. Uma vez que isso é proposto, torna-se possível questionar se alguma proposição da geometria é “verdadeira”, uma vez que ela finalmente se aplica a objetos reais.

Imagem meramente ilustrativa

Geometria não euclidiana

Após todas essas ideias serem propostas, Einstein finalmente chega ao ponto e mostra que não é mais possível entender a geometria do Espaço-Tempo com a Geometria Euclidiana. Para finalmente entender sua Teoria da Relatividade, é necessária uma geometria que se aplique a objetos reais, esta é a Geometria Não Euclidiana.

A Geometria Não Euclidiana é fundamental para a compreensão da Teoria da Relatividade. Foi ela que alterou nossa compreensão da gravidade, espaço e tempo e teve um profundo impacto na física teórica e na cosmologia.

Einstein foi genial ao afirmar:

“A matéria diz ao espaço-tempo como se curvar, e o espaço-tempo diz à matéria como se mover.”

Ele demonstra como um corpo pode influenciar diretamente o espaço-tempo com sua massa, fazendo com que ele se curve e forme geometria, e, em seguida, manifeste gravidade e aceleração consequente.

Parte final

Este foi um texto breve para tentar expor o máximo que pude das ideias de Einstein sobre a Geometria Euclidiana e seus impactos na Teoria da Relatividade. Baseei-me muito no livro “A Teoria da Relatividade” de Albert Einstein, principalmente na Parte 1.

Busquei outras informações em pesquisas e em minhas anotações dos meus estudos da Teoria da Relatividade para trazer maior clareza e conteúdo sobre o assunto. Claramente, não estou imune a críticas ou até mesmo correções, por isso peço que, caso haja alguém mais qualificado que possa me corrigir, ficarei muito grato.

Caso tenha gostado do texto, não se esqueça de me apoiar. Pretendo compartilhar o máximo do meu conhecimento neste perfil e expandir ainda mais o meu entendimento. Fique à vontade para entrar em contato comigo se tiver algo a dizer sobre o assunto; estou sempre aberto à discussão.

Com isso, deixo meus agradecimentos a você, leitor, por ter lido até aqui.

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