Maestro: A aposta da Netflix
por Eduardo Prachedes
Dirigido por Bradley Cooper, escrito pelo mesmo e por Josh Singer. “Maestro” é a aposta da Netflix para indicações no próximo Oscar.
O filme retrata o relato da vida pessoal e amorosa do maestro Leonard Bernstein, desde sua ascenção na carreira até as entrevistas para a criação de seu livro biográfico, mas não de forma linear.
É possível separar em dois atos, o ato “preto e branco” e o ato “colorido”. O primeiro conta seu salto profissional e envolvimento com sua futura esposa “Felicia Montealegre”, incrivelmente interpretada por “Carey Mulligan”(Drive, 2011). Já o segundo, conta o decorrer de sua vida, relacionado com a atriz e já com mais idade. Ambos os atos iniciam e terminam com conversas de Bernstein com seu intrevistador anos depois, como se tudo aquilo estivesse sendo resgatado de sua memória.
Ato I
Devo admitir que o primeiro ato não me comove. Os diálogos atropelados, que eu acho uma boa tática para mostrar um vínculo natural, dessa vez não me convencem. Muitos dos diálogos se mostram vazios e, por isso, é fácil tratar com desinteresse, o mesmo ocorre quando um dos personagens desabafa para o outro, acaba que serve apenas como algo que cada um encontrou para demonstrar confiança, já que nada disso é tratado no decorrer da obra. Além de que a forma que essa parte aborda a homossexualidade do maestro é bastante confusa e superficial, igual muitas outras questões abordadas. O que mais trata da proximidade dos dois amantes nesse ato seria a belíssima atuação de “Bradley Cooper” com “Carey Mulligan”, o carisma de ambos serve para livrar os espectadores dos tediosos dialogos que não trazem o mesmo peso da segunda parte.
Ato II
O segundo ato é muito mais humano. Experienciamos todas as controvérsias do relacionamento em Bernstein e Felicia, todas as confusões sobre sua homoafetividade, a relação com a sua filha. Essa parte é emocionante e é onde aparece o desenrolar da história, com várias reviravoltas e sentimentos profundos. Os dialogos atropelados dessa vez ocorrem e é muito mais facil de engolir, talvez pelo fato de agora se ter uma noção de quem são os personagens. Os atores estão mais conectados do que nunca, você pode sentir que aquilo é real, por isso realmente ter sido real e vivido por alguém. Esse ato é muito bem feito e se torna uma conclusão bem feita da história de um casal que tinha seus problemas, mas nunca se abandonaram realmente, até por que cada um sabia o tanto que precisava do outro.
Notas Gerais
Experienciamos dois tipos de enquadramento no filme inteiro, um é o “íntimo” e o outro é o “intruso”. Em diversas situações, principalmente quandoa intenção é captar a confusão, alegria ou tristeza de “Felicia”, a camera foca apenas em seu rosto, mesmo que a personagem não esteja falando, a camera continua focada, para não perder quem é que importa naquela confusão. Já o “intruso” é utilizada uma técnica incrível, a camera é posicionada ou fora do cômodo principal ou até distante da atuação, você se sente um intruso nas situações mais privadas da vida daquele casal. O filme ele não subestima a personagem “Felicia”, arrisco dizer que o maior foco é sua reação sobre tudo que acontece em sua volta e como ela é impactada pelas ações de seu marido, sejam elas boas ou ruins.
É um bom filme, poderia falar muito mais sobre. Porém, não acho que vale a indicação de Melhor Filme. Talvez ainda ganhe muitos prêmios como aconteceu com “Nada de Novo no Front”, até por que é uma obra com certo valor. Talvez ganhe muitos prêmios de música, afinal, o nome do filme é “Maestro”.